SINOPSE
2023 - Prémio João da Silva Correia – Poesia
Júri: Luís Castro Mendes, José Fanha e António Lopes (Editora Âncora)
O Prémio Literário João da Silva Correia, grande escritor sanjoanense, foi instituído pelo Município de S. João da Madeira, em 1986, com o objetivo de promover a leitura e a escrita criativa e de incentivar o aparecimento de novos valores e talentos literários. O Júri da edição de 2023, constituído pelo ex-ministro da Cultura, escritor, poeta e ficcionista Luís Filipe Castro Mendes, pelo poeta José Fanha e pelo editor António Baptista Lopes, tendo atribuído o Prémio João da Silva Correia à obra Manuscritos do Mar Báltico, de Irina Rodrigues, pela sua qualidade poética.
Manuscritos do Mar Báltico, de Irina Rodrigues, poemas transmudados para português por Francisco Teixeira Lopes.
Irina Rodrigues, poeta de ascendência russa, nasceu em Vilnius (Lituânia) em 1953 e estudou Engenharia Química na Universidade de Kaliningrado, um enclave russo no mar báltico. Obteve um Bacharel em 1975 e trabalhou no departamento de qualidade de uma fábrica de detergentes. Em 1980 foi considerada um exemplo para as mulheres trabalhadoras da União Soviética e fez inúmeras viagens pelas várias repúblicas socialistas onde participou em alguns congressos científicos e culturais. Durante este período visitou a Finlândia, a Polónia, a Checoslováquia e a Hungria. Esteve também em Lisboa no ano de 1983 no âmbito de uma visita organizada pela associação de amizade Portugal-URSS, onde viria a conhecer o seu segundo marido. Os seus textos conhecidos estão relacionados a sua actividade profissional e com as viagens que realizou, no entanto, Elena Orlova acabaria por ser afastada da vida pública a partir de 1984 devido a algumas opiniões expressas em entrevistas. Depois de ter sido dispensada da fábrica onde trabalhava e de se ter divorciado, Elena Orlova decidiu mudar-se para Portugal onde casou e se dedicou à pintura e ao desenho. Regressou à Lituânia com o marido após a independência das repúblicas bálticas e participou na criação de uma associação cultural que promove a educação pela arte junto dos mais novos. Os poemas apresentados fazem parte de um conjunto de textos, inéditos, escritos entre 1984 e 2014, seleccionados pelo seu marido, que a incentivou a divulgar os poemas e ajudou na tradução a partir do russo.
Francisco Teixeira Lopes, pseudónimo literário de um poeta e tradutor português escreveu este conjunto de poemas de inspiração feminina seguindo o exemplo de outros poetas que criaram personas literárias a partir das suas experiencias de fluidez e de errâncias geográficas e políticas. O autor deste livro considera-se mais um tradutor das vozes subterrâneas e dos ecos dos lugares despovoados e menos um poeta de nome próprio. Francisco Teixeira Lopes também corresponde à identificação civil que o autor teria se tivesse herdado os apelidos das avós e bisavós maternas. Este alinhamento de manuscritos de inspiração marítima corresponde a um percurso ditirâmbico pelo antigo Leste Europeu e funda-se na biografia imaginada de Irina Rodrigues, nascida nos anos de 1950, que conheceu de perto o sistema e a elite soviética e caiu em desgraça no início os anos de 1980.